O Sistema OCB/RJ realizou nesta quinta-feira (13) o Workshop do Ramo Transporte em sua sede, na Praça do Cooperativismo 1, Centro, Rio de Janeiro. O tema central foi o Cooperativismo de Plataforma no setor de transporte.
O presidente da OCB/RJ, Vinícius Mesquita, abriu o evento reforçando a necessidade dos motoristas autônomos em participar da OCB/RJ. “Este é o momento de retomada, de renovação, de reestruturação para disputar o mercado que está aí”, disse.
Evaldo Matos, Coordenador nacional do Ramo Transporte, disse que o cooperativismo do setor no Brasil nunca teve uma oportunidade tão grande como até agora.
“Os motoristas autônomos no Brasil que estão em cooperativas não chegam a 5% do total em atividade. Isso quer dizer que nós temos uma grande responsabilidade. Porque nós temos um modelo que pode ser o modelo”.
Ele também reforçou a importância do preparo dos dirigentes das coops, como o PDGC.
“O que a OCB tem já é o suficiente para alavancar o ramo Transporte. Tem instrução de todas as formas, contábil, jurídica, o programa PDGC um algoritmo para ajudar a administração. Não podemos esquecer que somos transportadores para administrar a cooperativa”, disse.
Cooperativismo de plataforma de transportes
O cofundador da Coonecta, Gustavo Mendes, disse também que a discussão do momento é o cooperativismo de plataforma.
São três características das plataformas: são movidas a dados. uma simples corrida sabem onde está o motorista, e passageiros, o cpf, qual o melhor caminho para chegar em segundos. “Isso só acontece por causa dos dados. o dado é o novo petróleo”, ressaltou.
O efeito de rede é o melhor gerador de valor das plataformas. O instagram foi comprado pelo FB por R$ 1 bi, porque o FB é uma plataforma e o valor do Instagram esta na rede de pessoas cadastradas. A gente acabou gerando valor lá e não ganhamos nada por isso.
Outro fator é o estoque da plataforma. Assim, Gustavo defende que há sentido em ter o cooperativismo de plataforma de transporte.
Cooperativas podem ser plataformas porque ela pode corrigir o efeito negativo o sucateamento, a economia dos bicos. numa cooperativa, temos uma outra relação o simples fato de o cooperado ser o dono vai tornar a plataforma mais justa com o prestador de serviço.
Precarização do trabalho
Em seguida, Fabrício Barili, mestre em Ciências da Comunicação pela Usiminas-RS e membro do Digilabour, proferiu palestra sobre a precarização do trabalho promovida pelos aplicativos de corrida.
“O modelo de trabalho desses aplicativos ajudam a perceber como é que eles são contraditórios…. acabam precarizando esse trabalho. A gente pensa que estamos livres. Mas será que estamos realmente livres e somos os nossos donos do nosso próprio tempo? questionou.
O mestre também falou co que considera a plataformização do trabalho:
“Esse meio que vocês estão inseridos é o trabalhador just-in-time, que é essa maravilhosa expressão em inglês para trabalhar aqui agora na hora. Diferente de você dos trabalhadores por exemplo CLT que vendem a sua hora de trabalho, seja em uma jornada de 8 horas, de trabalho. O just-in-time é o seguinte: eu vou te ignorar. Eu não tô nem aí para ti até o momento que eu precisar, no sábado de noite.
Fabrício acrescenta que neste tipo de trabalho há dois efeitos. “O primeiro: tu tem que estar disponível quando a plataforma quer. Segundo: enquanto a plataforma não está te requisitando você não sabe se vai ter que fazer outra atividade. Ela quebra a rotina de trabalho”.
O especialista destaca que o motorista, por ter que atingir uma meta, pode trabalhar 8, 10 horas ou mais. De acordo com Fabrício, esta é a precarização do trabalho, e que não ocorre nas cooperativas:
Numa plataforma cooperativista também vai ter o algoritmo. Porém, as decisões sobre o trabalho são tomadas por quem faz parte dessa cooperativa”.
Cooperativa única
Em conclusão, o superintendente do Sescoop/RJ, Abdul Nasser apresentou as novas tecnologias e o impacto previsto no setor de transportes. Ele defendeu a criação de um sistema de cooperativismo de plataforma de transporte único capas de unir todos os modais, como o sistema Unimed.
“Como que a gente vai sobreviver a este processo? Sendo pequeno, não vai”, disse Abdul.
Os participantes como Miqueias Zacarias, da cooperativa Grafitti, Severino, da Cooparioca, e de Adelar Setfer, da ValeLog, que destacou a evolução das cooperativas de transporte no Sul.