Ainda no primeiro dia, o WCM22 contou com o painel ESG. Mediado pela gerente de desenvolvimento da OCB, Débora Ingrisano, ela falou sobre a iniciativa da Organização em incrementar o ESG nas cooperativas.
Primeiramente no Painel, a coordenadora da Especialização em Cooperativismo da Unisinos, Camila Luconi, explicou que as organizações passaram a incluir a pauta ESG como parte da Governança. De acordo com especialistas no tema, as empresas que têm a Sustentabilidade como pauta de sua governança conseguem maior lucratividade por conta da preferência do público.
Camila explica ainda que o conceito de ESG na verdade começou a ser desenvolvido em 2004 com o objetivo de estudar a sustentabilidade nas empresas de modo a medir também o impacto dos negócios no meio ambiente.
“O conceito de investimento sustentável é uma filosofia que leva em conta questões ambientais, sociais e de governança”, disse, acrescentando um exemplo: “eu estou botando meu dinheiro na cooperativa. Para que está indo o meu dinheiro? Eu gosto de dizer: onde o meu dinheiro está ́ dormindo? É para gerar um impacto positivo, gerando emprego e renda para alguém? Para algo orgânico? “
Hoje, as pessoas começam a ficar interessadas em ESG. Porém, em 2004, quando o conceito começou a ser desenvolvido, o foco era a melhor aplicação do dinheiro de nações.
“O Banco Mundial e o Pacto Global provocam os outros bancos para financiar a economia do bem para o futuro. Agora, o conceito está na boca do povo”, disse Camila.
A primeira palestra teve como tema a Inovação.
A 8ª edição do WCM22 no Minas Centro, em Belo Horizonte (MG) mais uma vez destacou as novidades de gestão disponíveis para as cooperativas. As palestras focaram bastante na importância da inovação, tanto tecnológica quanto humana, com destaque para as pessoas. E foram entremeadas por cafés de relacionamento, momento em que cooperativas puderam falar sobre negócios. Tudo isso foi passado por palestrantes líderes do cooperativismo mundial nos dois dias do Word Coop Management 2022.
Acima de tudo, isso pode ser demonstrado no pronunciamento do CEO do evento, Luiz Branco, que destaca o objetivo de criar ligação entre pessoas. “Porque a gente quis ser positivo” .
Tecnologia X ser humano
E o evento começou coma palestra do sueco Nicklas Bergman, do Conselho de Inovação Europeu, que reúne investidores com mais de 10 milhões de euros. Ele falou sobre a fusão entre tecnologia, negócios e seres humanos. Chegou a mostrar implantes que possui no próprio corpo com finalidades diversas, como simplesmente abrir portas. “Sempre procuro entender como a tecnologia afeta a vida”, disse.
Bergman destaca que a incerteza é uma constante na vida de todos. E que a tecnologia redefiniu nossa vida:
“A tecnologia da informação avança de modo constante e precisamos ter entendimento sobre o que é determinado assunto. Diversos dispositivos possibilitam coisas como uma consulta médica com análise remota, Assim, vamos tirar pressão do sistema de saúde”, disse.
Ele também mostrou vídeos sobre os robôs em fase de construção e que são programados para o trabalho:
“Robôs fazem coisas que a maioria de nós não pode fazer. Mas vemos os mesmos robôs fazerem coisas não tão boas. Eles não tem capacidade de fazer coisas mais simples. A indústria tenta fabricar robôs que podem fazer qualquer tarefa humana. Não é uma rua sem saída, mas talvez precisam de uma nova abordagem”.
A importância da inovação foi marcante, a ponto de servir de palco par o evento Global Innovation Coop Summit 23, programado para Montreal, no Canadá. A organização do evento ofereceu descontos de ingresso aos participantes do Congresso.
Marketing e a inovação tecnológica
O marketing não poderia ficar de fora de um evento como o WCM22. O primeiro a mostrar as inovações do setor foi Pedro Superti, com 8 milhões de acessos em suas redes sociais. Ele falou de sua principal bandeira, a diferenciação:
“Qualquer um baixa o preço. mas só uma pessoa especial pode agregar valor”. Ele falou de técnicas para se diferenciar no mercado e vencer a concorrência e com o uso da inovação tecnológica.
E, por exemplo, citou o caso das sandálias havaianas, que de produto comum, sofreu mudanças significativas no seu processo de divulgação. O ponto máximo foi se unir a HStern e produzir sandálias cravadas de diamantes.
Em resumo, Pedro contou a sua história de vida e o conselho que seu pai deu, quando as pessoas riram dele depois que ficou vários minutos olhando para a estátua do cristo redentor, esperando que ela piscasse para ele. Pedro não tinha notado e o seu pai perguntou como ele se sentia. Quando disse ao pai que não tinha notado os risos, seu genitor deu o conselho: “Quando você fecha os olhos para o que os outros estão pensando, a vida abre os baços para você”.
Ilusões da mente
A neurociência também teve espaço no evento. O especialista no tema, Loren Duffy, proferiu a palestra “Liderando Uma Era de Hipernovidade”. Para ele, o objetivo, da tecnologia é incrementar os trabalhos, e não, substituir as pessoas. e muito menos diminuir os postos de trabalho.
“Se a gente pudesse colocar mais tecnologia na mesa poderíamos economizar milhões de dólares em custos trabalhistas porque poderíamos se livrar das pessoas. Aí só ficariam os CEOs.”
E finalizou:
“Quando as pessoas pensam em mudança entram em pânico porque pensam que vai mudar tudo. Em seguida, ele destacou a importância do modo como as pessoas sentem o outro diz, alémda forma com que fala.
Em seguida, a pausa para relacionamentos, almoço e troca de cartões.
O cooperativismo no Painel ESG
De acordo com Camila Luconi, as cooperativas já incorporam dois princípios ligados ao ESG: a participação econômica e o social. Mas é necessário medir o impacto das ações, tanto no âmbito social, quanto no econômico e ambiental. E isso é possível com ferramentas de avaliação, como o B Impeachment Assentment.
“O ESG é diferente de acordo com o ramo da cooperativa”, explica Camila, usando como exemplo a diferença entre uma cooperativa que atua em mineração em comparação com uma de escritório de advocacia. “Nessas o impacto ambiental é diferenciado, mas os dois ramos podem ajudar a sociedade em algum momento.Qualquer coop pode fazer diagnóstico”.
Outros dados foram divulgados no painel. De acordo com artigo de Kramer publicado recentemente na Harvard Business Review, de 2000 empresas rastreadas quanto à sustentabilidade, a maioria não tem metas explícitas. E as que têm, não conseguem resultados de sustentabilidade. Entre as dificuldades citadas estão conseguir cumprir as determinações do Acordo de Paris e os ODS da ONU.
Outra questão é a necessidade de unir as gestões de governança e sustentabilidade na mesma equipe. “ESG tem que ser a estratégia. Não basta incluir melhorias operacionais na produção, mas é necessário incluir o ESG na estratégia”, disse Camila Luconi.
Em seguida, o professor Rodrigo Casagrande defendeu a ideia de ESG Para Todos. Em uma pesquisa, investidores se declararam favoráveis à implantação da prática na gestão das empresas, porém, não estão dispostos a ganhar menos em troca de adoção de práticas ESG. Um desafio lançado.
ESG para todos
Na prática, adotar o ESG na governança envolve além dos limites da própria cooperativa. Isto significa que também há a necessidade de escolher fornecedores com base nos critérios e objetivos sustentáveis.
“A busca de novos padrões de consumo exige que as cooperativas inovem em seus produtos e serviços. E dentro dos princípios da governança cooperativa eu destaco um elemento: a educação. Até que ponto o cooperativismo de crédito está preparado para ensinar aos seus associados que está em linha com o ESG? O ESG é para todos.
o vice-presidente da ICATUR e integrante de entidades seguradoras César Saut. César Saut, vice-presidente da ICATU, destaca que a cooperativa é nacional até no nome, que significa “rio de águas limpas”, em guarani. Como destaque, cita aquele que é considerado o pai do ESG, John Elkington, que disse que não se pode apenas explorar e retirar recursos. É preciso pensar nas futuras gerações e em qual mundo estamos deixando para nossos filhos e netos.
“A pandemia acelerou o processo da conexão. A tecnologia nos ajudou a nos aproximar com a telemedicina para todos e tentar ampliar a longevidade. ESG é algo imprescindível para um futuro equilibrado, com sustentabilidade econômica.
Saut também destaca a necessidade de termos que nos reinventar a todo momento. E que hoje somos agentes de estabilização econômica das pessoas, das famílias e da sociedade.
Em conclusão, os palestrantes responderam como iniciar um processo de ESG na cooperativa. Camila sugere preparar os membros do Conselho, olhar outros exemplos e preparar as Assembleias. Outras dicas são providenciar a comprovação de práticas e colocar as cooperativas na liderança do processo.