Somente em 2021 foram 61.294 sistemas de energia solar rural instalados no Brasil, que totalizaram mais de 1,2 gigawatt (GW) de potência instalada. Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), cerca de 13% da geração provém de empreendimentos voltados ao agronegócio. E boa parte por cooperativas rurais.
E a paisagem nova é a prova do avanço da energia solar. É o que registra a empresa Solar Serra, de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Seus diretores projetam um crescimento acima de 40% no número de obras no meio rural apenas nos dois últimos meses deste ano. A empresa, que já instalou mais de 3 mil placas em 2022, estima que vem do campo uma fatia de 30% do faturamento total.
Atualmente, a Solar Serra possui cerca de 200 clientes no meio rural, sendo que metade de obras já estão em funcionamento em empreendimentos como aviários, câmaras frias e em lavouras (para irrigação). A economia na conta de luz chega a 90% e as instituições bancárias disponibilizam financiamento com juros subsidiados para a instalação.
“Mais do que gerar a própria energia, limpa, renovável e com baixo custo, o empresário do meio rural acaba agregando um valor maior aos seus produtos. No caso dos abatedouros, por exemplo, eles recebem um valor mais alto pela carne que vendem com uso de energia renovável”, explica o engenheiro eletricista Mário Henrique Bordignon, proprietário da Solar Serra.
Mercado Livre de Energia Solar
Um dos principais celeiros da produção agrícola do Rio Grande do Sul, a Serra é o mercado mais importante da Solar Serra, com metade das obras e da capacidade instalada pela empresa. Os outros 50% vem de instalações realizadas em Santa Catarina e Paraná, estados em que a companhia também têm filiais.
“Abrimos um escritório em Concórdia para atender o grande mercado que é o Oeste Catarinense, com muitos aviários e produtores que são associados às cooperativas e que buscam a redução de custos de produção”, informa.
Mário Henrique Bordignon prevê um aumento na adesão dos consumidores do meio rural no Mercado Livre de Energia Elétrica (MLE). Pela nova legislação que trata do tema, é permitido que qualquer empreendimento conectado a média tensão possa aderir ao modelo.
“Qualquer usuário de energia que tiver um transformador próprio alimentando sua propriedade poderá migrar para o Mercado Livre de Energia. Dentro deste montante de consumidores que estão conectados em uma rede de média tensão e possuem transformadores próprios estão uma grande parte dos produtores rurais, bem como aviários, câmeras frias, silos e locais para irrigação”, explica.
O MLE é uma oportunidade para que empresas busquem negociar a compra de energia diretamente com o fornecedor. Essa possibilidade existe no Brasil desde o final da década de 1990, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) estabeleceu as condições para o exercício da atividade de comercialização de energia elétrica no país. Atualmente, podem acessar o MLE os consumidores com carga igual ou superior a 500kW e qualquer nível de tensão.