Apesar de a safra de grãos estar em andamento nas principais regiões produtoras do Brasil, produtores do Centro-Oeste e Norte do país enfrentam uma crescente preocupação devido à falta de chuvas. A situação foi discutida em uma transmissão ao vivo promovida pela consultoria Agromove, onde Alberto Pessina, fundador e consultor de mercado, destacou os desafios enfrentados pelos agricultores.
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) revelou que o plantio de soja no estado de Mato Grosso está 10% atrasado em comparação com a safra passada. Apesar disso, mais de 91% da área já foi plantada, com um avanço de 8,5% na primeira quinzena de novembro. No entanto, a falta de precipitações nas regiões Norte e Centro-Oeste tem gerado preocupações entre os produtores.
Até o momento, as áreas cultivadas destinadas ao plantio somam 48,4%. Isso é uma redução, em comparação com os 57,5% da safra anterior. A falta de chuvas regulares, aliadas às altas temperaturas nessas regiões, têm resultando em perdas significativas na semeadura da soja. Em Mato Grosso, observaram-se altas taxas de replantio devido às condições climáticas desfavoráveis, o que pode impactar a safra de milho segunda safra.
Alberto Pessina, fundador da Agromove, alerta que o atraso no plantio da soja em Mato Grosso tem levado alguns produtores a desistirem do milho segunda safra, e o Imea já estima uma queda de quase 4% em relação à safra anterior. A primeira safra de grãos já apresentou redução em área e produtividade, e o fator climático está comprometendo a janela de semeadura, o que pode agravar ainda mais o cenário na segunda safra de milho.
Chuvas no Sul
No Sul do Brasil, a situação é diferente, com um excesso de chuvas prejudicando a produção local. Pessina destaca que as precipitações têm impactado a semeadura em estados do Sul do Brasil. Assim, fica difícil fazer previsões precisas sobre o desempenho futuro das colheitas.
No que diz respeito à carne bovina, o relatório do IBGE confirma as projeções da consultoria Agromove. Os números indicam uma produção maior no terceiro trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022. Entretanto, as exportações continuam em ritmo lento. Como resultado, a recuperação das cotações fica abalada.
Alberto Pessina prevê um ciclo pecuário que pode trazer alívio aos pecuaristas em 2024. Ele destaca a expectativa de uma recuperação gradual nos preços nos primeiros seis meses do próximo ano, com a oferta permanecendo elevada, mas a produção começando a desacelerar. As exportações devem se manter estáveis, enquanto o consumo interno permanece forte. Com a queda dos custos em 2023, o cenário futuro parece mais promissor para os produtores, oferecendo perspectivas de melhoria no setor pecuário.