O lançamento do Ano Internacional das Cooperativas 2025, evento realizado em Montevidéu em 20 de fevereiro, foi marcado pela divulgação dos números que revelam: o cooperativismo cresceu nas Américas ao longo da última década.
O evento contou com o painel sob comando de Paula Arzadun, Chefe de Educação, Treinamento e Pesquisa do Escritório Regional das Cooperativas das Américas. Durante o evento, intervenções de Ricardo López e Myriam Báez Rojas enfatizaram a necessidade de ambientes legislativos favoráveis e a importância de tornar visível o impacto socioeconômico das cooperativas em nível local.
Para se ter uma ideia, entre os Anos Internacionais das Cooperativas de 2012 e 2025, o setor não apenas consolidou sua relevância como também expandiu sua atuação. E isso se deu com muita luta, desafios regulatórios e incorporação de inovações tecnológicas.
Em resumo, a pesquisa foi desenvolvida como parte do projeto *Coops4dev*. Especialistas, pesquisadores e líderes cooperativistas analisaram o progresso do movimento cooperativo desde 2012.
A seguir, detalhamos as principais descobertas:
Avanços regulatórios e educacionais no Paraguai
Francisco Valle, representante da CONPACOOP (Paraguai), destacou as reformas implementadas no país desde 2012. Uma conquista notável foi a Lei nº 6999, que incorporou a educação cooperativa aos programas escolares, promovendo uma cultura de cooperação desde cedo. No entanto, Valle também apontou desafios relacionados à tributação e à regulamentação, que ainda exigem atenção para garantir o fortalecimento do setor.
Brasil: Um gigante cooperativista
Eduardo Queiroz, da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), apresentou um panorama robusto do cooperativismo brasileiro. Com mais de 23 milhões de associados, as cooperativas brasileiras têm se destacado por seu progresso legislativo, especialmente em áreas como trabalho e sustentabilidade ambiental. A criação da marca “SomosCoop” em 2017 foi outro marco importante, alinhando as cooperativas brasileiras à identidade cooperativa global e reforçando sua presença no mercado.
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Big Data e competitividade na Argentina
Na Argentina, as cooperativas de trabalhadores estão liderando a adoção de tecnologias inovadoras. Tiara Seibert, representante de uma cooperativa de consumo, compartilhou como o uso de Big Data otimizou a tomada de decisões e melhorou a competitividade no contexto da Quarta Revolução Industrial. Esse exemplo ilustra como as cooperativas podem se modernizar sem perder seus valores fundamentais de colaboração e inclusão.
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Chile: Consumo colaborativo em ascensão
Alejandro Marambio, da Universidade do Chile, apresentou estudos de caso de cooperativas de consumo emergentes no país, como *Juntos Compremos*, *La Cacerola* e *La Minga*. Essas iniciativas comunitárias promovem modelos de produção e consumo mais equitativos e sustentáveis, respondendo às demandas crescentes por economia solidária e responsabilidade social.
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Análises de especialistas: Desafios e oportunidades
O painel contou com comentários de renomados especialistas, que destacaram tanto os avanços quanto os desafios enfrentados pelo setor. Dante Cracogna, da Comissão de Direito Cooperativo, ressaltou a importância das normativas geradas pelas investigações apresentadas. Já Sonja Novkovic, da Universidade St. Mary (Canadá), enfatizou o valor das cooperativas de consumo, que enfrentam desafios burocráticos, mas continuam crescendo e se adaptando à era dos dados.
Efraín Quicaña, do Escritório Regional da OIT, destacou como o uso de grandes volumes de dados pode melhorar a eficiência e a transparência na gestão cooperativa, alinhando-se à resolução da OIT sobre trabalho decente na economia social e solidária. Ele também apontou os desafios relacionados à formalização do emprego, um ponto crítico para o futuro do setor.
Compromisso com o futuro
O evento foi encerrado com a participação de institutos de desenvolvimento cooperativo, como o IPACOOP do Panamá. Em seu discurso final, Paula Arzadun reafirmou o compromisso das Cooperativas das Américas de continuar promovendo a visibilidade e o fortalecimento do setor por meio da pesquisa e da participação ativa de seus membros.
Assim, com o Ano Internacional das Cooperativas 2025 à vista, o cooperativismo nas Américas está posicionado para enfrentar novos desafios e explorar oportunidades inovadoras. Os resultados preliminares da pesquisa mostram que, apesar das dificuldades, o setor continua sendo uma força poderosa para o desenvolvimento econômico e social, impulsionando mudanças positivas em comunidades de toda a região.
Enquanto o mundo se prepara para celebrar o Ano Internacional das Cooperativas em 2025, fica claro que o cooperativismo não é apenas uma escolha. Certamente, o modelo é uma necessidade para construir um futuro mais justo e sustentável.