Para Giuliana Morrone, jornalista e especialista em ESG, a comunicação é o grande desafio do cooperativismo. Comprovadamente, as cooperativas brasileiras movimentam R$ 692 bilhões por ano e geram mais de 550 mil empregos. Apesar disso, ainda enfrentam barreiras para ganhar maior visibilidade no cenário econômico e sustentável. Para Giuliana Morrone, jornalista e especialista em ESG, o problema está na comunicação. “O cooperativismo já lidera muitas práticas sustentáveis, mas ainda precisa fortalecer sua narrativa para ampliar seu protagonismo”, afirma.
Com mais de 30 anos de experiência no jornalismo e autora do livro Mitos e Verdades sobre o ESG, Morrone acredita que o setor tem todas as credenciais para ser um modelo de economia regenerativa. Porém, ela ressalta que é essencial comunicar isso de forma clara e estratégica.
Giuliana Morrone fala de ESG e cooperativismo
De acordo com Morrone, os princípios do cooperativismo já integram sustentabilidade, inclusão e desempenho financeiro de maneira orgânica. “No cooperativismo, sustentabilidade e diversidade não são novidades. Esses valores estão no DNA do setor, com práticas como gestão democrática, participação econômica e interesse pela comunidade”, explica.
Mesmo assim, a especialista alerta que esses diferenciais ainda não são devidamente reconhecidos fora do setor. Para ela, a falta de uma comunicação mais assertiva impede que o cooperativismo seja visto como um modelo essencial para o futuro da economia.
Agronegócio cooperativista: exemplos de inovação sustentável
No agronegócio, as cooperativas têm se destacado tanto pela força econômica quanto pela inovação sustentável. Dados do Anuário do Cooperativismo de 2024 mostram que o setor reúne 1.179 cooperativas agropecuárias, emprega 257 mil pessoas e movimenta R$ 423 bilhões.
Reconhecimento global e impacto estratégico
Giuliana Morrone vê no cenário atual uma chance de ouro para o cooperativismo brasileiro se destacar, especialmente com o reconhecimento internacional em 2025. Segundo a especialista, o setor já possui todas as ferramentas para ser protagonista nas discussões sobre desenvolvimento sustentável, mas precisa reforçar sua presença no debate público e econômico.
“Este é o momento de o cooperativismo sair da sombra e se posicionar como líder em práticas sustentáveis. Não basta ser eficiente internamente; é preciso mostrar ao mundo o impacto positivo que as cooperativas geram para a economia, o meio ambiente e a sociedade”, afirma Morrone.
Ela destaca que, ao comunicar melhor suas conquistas, o cooperativismo pode atrair mais investimentos, ampliar parcerias estratégicas e influenciar políticas públicas. “A sustentabilidade não é mais uma escolha, é uma exigência. E o cooperativismo tem o potencial de ser o modelo que inspira outras organizações a seguirem esse caminho”, completa.
Comunicação: o próximo grande passo
Para Giuliana Morrone, a chave para o futuro do cooperativismo está em uma comunicação mais moderna, transparente e conectada com as demandas do mercado. Ela sugere que o setor invista em estratégias que mostrem não só os números impressionantes, mas também as histórias humanas e os impactos sociais por trás das cooperativas.
“Uma narrativa bem construída pode transformar a percepção do cooperativismo. Mostrar os rostos por trás dos números, contar as histórias dos cooperados e destacar os benefícios concretos para as comunidades são ações que podem fazer toda a diferença”, enfatiza a especialista.
O cooperativismo como modelo para a economia do futuro
Com os princípios de ESG profundamente enraizados em sua essência, o cooperativismo brasileiro tem a oportunidade de se consolidar como um modelo para a economia do futuro. Giuliana Morrone acredita que, ao alinhar sua comunicação com suas práticas, o setor pode se tornar uma referência global em desenvolvimento sustentável.
“Não há outro modelo econômico que combine tão bem inclusão, sustentabilidade e eficiência financeira quanto o cooperativismo. O desafio agora é garantir que essa mensagem seja ouvida e reconhecida em todas as esferas da sociedade”, finaliza Morrone.
Para o setor, o recado é claro: o momento de agir é agora. Com uma comunicação mais estratégica e assertiva, as cooperativas podem não apenas ampliar sua influência, mas também liderar a transformação necessária para um futuro mais sustentável e inclusivo.
