Os técnicos entendem que o Brasil pode ocupar um espaço de vanguarda na busca pela sustentabilidade da viticultura, visto que já dispõe de plantas tolerantes, à disposição do setor produtivo

Nos últimos 45 anos, a Embrapa em parceria com cooperativas vinícolas procuraram melhorar as uvas para a produção de vinhos.

O processo busca uvas tolerantes às principais doenças e a redução do uso de de fungicidas. Assim, os custos de produção ficam relativamente menores.

De acordo com Patrícia Ritschel, pesquisadora de melhoramento da Embrapa, 1,5 mil tipos de uvas foram usadas em cruzamentos desde 1977

O objetivo foi selecionar os progenitores e iniciar o desenvolvimento de uma nova cultivar de origem nacional.

Como resultado, o Programa já lançou 21 cultivares; destas, três são consideradas tolerantes: a BRS Lorena, a BRS Margot e a BRS Bibiana, no segmento de vinhos

Conforme afirma Patrícia, o foco da Embrapa é desenvolver cultivares que sejam competitivas no mercado, agreguem valor aos produtos e renda para os produtores.

Ela destaca que  países tradicionais produtores de vinhos estão aceitando variedades híbridas para elaboração de vinhos quando a maioria dos genes são oriundos de variedades viníferas.

Já o pesquisador da área de enologia da Embrapa, Giuliano Elias Pereira, defende a variedade da uva vinícola brasileira, com destaque para a sua diferenciação:

"O que importa são as características das uvas e, principalmente, como o vinho se apresenta na taça, quanto aos seus atributos visuais, olfativos e gustativos, e não a sua constituição genética"

Consumidores e produtores devem conhecer as novas possibilidades de uvas desenvolvidas geneticamente para as condiçoes brasileiras.

Conheça as uvas nacionais

A inspiração para o nome veio da personagem Bibiana Terra Cambará, gaúcha forte e eternizada no romance "O Tempo e o Vento", escrito por Érico Veríssimo, há mais de 70 anos (1949).

BRS Bibiana

A BRS Lorena foi lançada em 2001. É conhecida por ter seus vinhos selecionados em degustações às cegas. O destaque vai para a qualidade, o aroma e o sabor intenso.

Há também produtos especiais desenvolvidos com as uvas BRS Cora, BRS Rúbea e BRS Carmem, todas provenientes do Programa de Melhoramento Genético "Uvas do Brasil", da Embrapa.

De acordo com pesquisadores, “O vinho elaborado com a 'BRS Carmem' tem coloração brilhante,  rubi intensa. Quanto ao aroma, lembra  morango, framboesa e frutas vermelhas.

As novas opções de uvas prometem um sabor mais nacional, refrescante e sobretudo mais barato. Condições ideais para o  consumo do vinho no Brasil.

Veja como foi o festival de Wine South America