As mudanças nas configurações de trabalho dos mais diversos setores despertadas ao longo da pandemia, atribuíram um novo status para a comunicação digital, que se tornou o principal meio de interação entre os indivíduos. Estratégias como home office e regimes híbridos foram adotadas pelas organizações. Somado a isso, o notável crescimento de páginas virtuais, materiais digitais e lojas, bem como o investimento em influenciadores digitais e criadores de conteúdo com intuito de aumentar o alcance da marca, produto ou serviço, marcaram uma nova maneira de se aproximar do público. Em meio à crescente dos meios virtuais, seriam os influenciadores digitais mais uma alternativa de divulgação dos diferentes ramos e atuações das cooperativas no Brasil?
As cooperativas se apoiam em ações presenciais como eventos, encontros e reuniões, e também utilizam das diversas mídias para compartilhar seu modelo de negócio, os princípios e os valores que as constituem. Assim, considerando a atual relevância da comunicação digital, pensar em influenciadores digitais como o ponto de encontro entre as interações com o público e utilização de mídias, pode ser uma boa alternativa de reconhecimento e identificação das ações, dos meios e da imagem das cooperativas.
Influenciadores digitais são pessoas engajadas capazes de interagir e influenciar públicos distintos de acordo com seus nichos, que perpassam as mais diversas áreas do cotidiano; dando opiniões, compartilhando hábitos e rotinas, suas formas de verem o mundo e fazerem coisas. Isso acontece por meio de vídeos, fotos, textos, artes digitais, que se tornam conteúdos para redes sociais como Instagram, Facebook, Twitter, TikTok e plataformas semelhantes. Neste grupo, encontram-se personalidades artísticas, jogadores, músicos, empresários ou qualquer pessoa, famosa ou não, que tenha como característica a eloquência de seu discurso. Um prato cheio para empresas que buscam maior visibilidade e credibilidade da marca para conquistar clientes.
Tratando-se de cooperativas, a possibilidade das organizações investirem no mercado de influenciadores digitais torna-se viável caso as estratégias definidas pelas instituições, ao desenvolverem campanhas ou ações, ultrapassem o papel mercadológico de divulgação dos produtos e serviços ofertados, e visualizem também a oportunidade de gerar visibilidade e compreensão sobre o cooperativismo em si. Isto é: conhecimento sobre as atividades que as cooperativas exercem; suas áreas de atuação; os benefícios de atuar enquanto cooperativa; retorno para a sociedade e comunidades locais; o papel do cooperado e os demais assuntos relacionados ao cooperativismo. No entanto, existem questões primordiais a serem consideradas:
- A escolha do influenciador: é importante que sejam pessoas com afinidades na área e alinhadas com o que a cooperativa busca promover;
- Analisar se o número de seguidores e o alcance do perfil são significativos: um influenciador com menor número de seguidores com atuação mais local com o público da organização, pode ser tão interessante quanto um perfil com muitos seguidores;
- A relação de confiança entre influenciador e o público com o qual interage;
- Estratégias e objetivos das ações, campanhas, eventos, produtos, serviços e histórias da instituição: gerar conhecimento sobre a cooperativa, interação com cooperados, credibilidade da marca, vendas, aumentar a presença no meio digital;
- Visibilidade em âmbito local e/ou nacional;
- Analisar se o discurso e o cotidiano do profissional estão de acordo com os princípios e valores que orientam o cooperativismo.
Essas são apenas algumas das questões a serem analisadas, mas que funcionam como ponto de partida para contribuir com mais uma prática para divulgar e conversar sobre cooperativismo. Gerar conteúdos nas diversas plataformas digitais com pessoas que têm a oportunidade de dialogar com os diferentes públicos das cooperativas no país, pode colaborar com a imagem e identificação de cooperados, grupos de interesses e demais públicos em torno do movimento das organizações cooperativas, além disso, apresentar o que essas tendem a oferecer e agregar na sociedade.
Guilherme Luis Rosa da Silva
Bacharel em Cooperativismo | Universidade Federal de Viçosa
Mestre em Extensão Rural | Universidade Federal de Viçosa