Com o apoio da OCEPAR, o IFC Brasil – 4° International Fish Congress & Fish Expo 2022 está marcado para os dias de 31 de agosto a 02 de setembro no Recanto Cataratas Thermas e Resort em Foz do Iguaçu (PR). O evento tem como lema “Toda a aquicultura sustentável, rentável e resiliente do Oceano Atlântico”.
Trata-se de uma reunião internacional do Projeto ASTRAL, iniciativa financiada pela União Europeia e coordenada pelo NORCE (Centro de Investigação da Noruega) e presente em mais de 15 países.
Para se ter uma ideia, o projeto foi iniciado com a Universidade Federal de Rio Grande. Agora, o objetivo é ampliar as parcerias para o desenvolvimento de uma aquicultura sustentável, rentável e cada vez mais demandada no mercado global, através da produção em sistema multitrófico. Diante disso, o encontro envolve instituições de pesquisa, Universidades e empresas brasileiras. Elas darão sobretudo foco em parcerias no Brasil.
A hora da pesca
De acordo com o presidente do IFC Brasil, o ex-ministro da Pesca, médico veterinário Altemir Gregolin, o momento é propício:
“É uma honra sediar uma reunião internacional do Projeto ASTRAL. O objetivo é desenvolver novas cadeias de valor sustentáveis, rentáveis e resilientes. Isso através da produção integrada de aquicultura multitrófica. ASTRAL é um projeto colaborativo da União Europeia Horizonte 2020 que tem nos objetivos definir, apoiar e promover este tipo de produção aquícola sustentável em todo o espaço atlântico”.
Em primeiro lugar, a diretora executiva do IFC Brasil, Eliana Panty, alerta para a sustentabilidade da cadeia do pescado. De acordo com ela, trata-se de um eixo estratégico para a produção da proteína, responsável por mais de 50% do comércio global.
“O mundo ocidental não tem consciência de que o pescado é a fonte de proteína mais comercializada no mundo e apresenta mais de 50% de todo o comércio ao redor do planeta. O Oriente consome muito pescado e derivados. Com isso, a demanda é crescente à medida que o Ocidente também aumenta o consumo, pensando na saudabilidade do pescado. Mas para aumentar a competitividade do setor aquícola, as produções de organismos aquáticos têm se tornado cada vez mais intensivas e isso requer uso de tecnologia para minimizar o impacto”, acrescenta.
Superintensivo e sustentável
A princípio, o IFC 2022 debate a inovação na produção de pescado. Assim como as tecnologias do sistema superintensivo na produção de peixes, camarões e algas. A programação inclui temas como a taxa de renovação mínima de água, redução do uso de área e recursos hídricos destinados ao cultivo.
“Esse sistema se utiliza de uma rica comunidade microbiana, chamada de flocos. Esta auxilia na manutenção da qualidade de água, faz a reciclagem dos nutrientes e resíduos gerados por uma espécie para serem reaproveitados por outras.”
De acordo com os especialistas o uso da Aquicultura Multitrófica Integrada (AMTI) é uma tendência mundial. Por exemplo, eles afirmam que o sistema de produção integra espécies de diferentes níveis tróficos em um mesmo ambiente de cultivo. Como resultando, os resíduos do cultivo de uma espécie viram fonte de alimento ou fertilizantes para outra, permitindo o melhor aproveitamento dos nutrientes da dieta.
Apoio internacional ao IFC 2022
Os brasileiros não estão sozinhos. De acordo com Gregolin, o projeto ASTRAL está em toda a Aliança Atlântica. Em outras palavras, tem o objetivo de contribuir significativamente para criar um ecossistema colaborativo de longo prazo.
Assim, o projeto aborda a sustentabilidade ao longo de uma forte cadeia de valor clima-oceano-alimentos, vinculando os riscos ambientais esperados à eficiência de custos e às melhores práticas de produção e segurança alimentar da AMTI.
“Isso levará a recomendações concretas sobre programas de monitoramento específicos da região a serem estabelecidos para apoiar a meta de sustentabilidade. A propriedade inerente da AMTI relacionada à circularidade e redução de resíduos será avaliada para diferentes sistemas de produção, fornecendo recomendações sobre as melhores práticas para o desperdício zero” finaliza.
PROGRAMAÇÃO IFC 2022
Em síntese, a programação do IFC Brasil estará repleta de novidades e conferencistas que são expoentes em suas áreas no país e em nível internacional, revela Gregolin. Conta com uma diversidade de temas. O debate sobre o mercado e competitividade do pescado brasileiro terá a presença de empresas brasileiras e de Matthew Alexander Perez, CEO da Aquanita, importadora americana que mostrará o perfil e o potencial daquele mercado para o nosso pescado”.
O debate sobre “Inovações e Tendências Tecnológicas” contará com a presença de Diego Lages, diretor global da Marel Fish, da Islândia. Também participa o Dr. Adolfo Alvial, diretor executivo do Clube de Inovação Aquícola do Chile.
No bloco Sistemas de Produção, o destaque será a presença do Dr. Keith Morris M.Sc, Global Marketing Manager, da Phibro Aqua. Ele tratará da importância da “Mitigação do estresse na aquicultura para elevar a produtividade e a sanidade dos animais”. Outro debate será “Produção em sistema de recirculação – RAS” com Simon Dureijka, diretor de Produção da Infinite Sea da Alemanha e Marcelo Shei da Altamar.
Outra presença no IFC 2022, será o PhD Rajesh Joshi, pesquisador sênior da GenoMar Genetics, da Noruega. Seus estudos de pesquisa são os mais consultados atualmente. Ele abordará o tema “Inovação na criação seletiva para uma indústria rentável de tilápia do Nilo”. Na área de nutrição atenção especial para o “Uso de aditivos enzimáticos nas dietas de peixes para melhorar a qualidade de água e performance animal”, com o Dr. Alexandre Barbosa de Brito, gerente técnico da ABvista para América Latina.
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