A feira de vinhos Wine South America terminou na sexta-feira (23. Com a participação de cooperativas vinículas, bateu recorde de público e de negócios na cidade de Bento Gonçalves, município localizado em ponto estratégico no Sul do Brasil.
O evento colocou o cooperativismo de vinhos brasileiros próximo a países como Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. Além de valorizar os principais e os novos terroirs do Brasil, a feira reuniu 360 marcas nacionais e internacionais.
“A edição da WSA deste ano foi histórica em todos os sentidos. Tivemos um crescimento de 20% no número de marcas expositoras, além do recorde de público. Também ultrapassamos a marca de R$ 20 milhões em negócios, superando assim a nossa última edição presencial, realizada em 2019”, avalia Marcos Milanez Milaneze, diretor da WSA.
Além de cooperativas, muitos expositores nacionais participaram da WSA pela primeira vez. Inclusive a Vinícola Araucária, de São José dos Pinhais, do Paraná.
“Não tinha ideia do quanto era grande esse evento e com tanto público qualificado nos três dias, com os corredores sempre cheios. Veio gente do Brasil todo, tivemos contato com compradores do Norte e Nordeste do país e foi muito vantajoso. Não só para os compradores, mas sobretudo para os visitantes também, que puderam conhecer nosso produto”, avalia Diego Schechtel, responsável comercial da vinícola.
Vinhos nacionais e internacionais
O evento também contou com especialistas internacionais. Como o Master of Wine italiano, Gabriele Gorelli, que esteve no Brasil pela primeira vez e especialmente para a WSA.
“Tive minha primeira experiência com o vinho brasileiro há dez anos e foi algo muito simples. Agora, o Brasil tem mais know-how e habilidade em produzir vinhos de categoria mundial. Especialmente brancos e espumantes. E os tintos, especialmente os do Sul, tem uma mensagem bem clara: não são necessariamente Novo Mundo. Tem uma personalidade clássica. Por isso, acho que os vinhos italianos são perfeitos e combinam tanto com o Brasil”, afirma.
O evento contou ainda com a apresentação da Embrapa, que lançou a uva BRS Bebiana em 2019. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária realiza pesquisa genética cujo objetivo é criar matéria-prima para vinhos nacionais.
Novas uvas de vinho
Desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético “Uvas do Brasil” da Embrapa, a BRS Bibiana apresenta alta produtividade. Isto porque necessita de menos tratamentos fitossanitários, gerando mais sustentabilidade ambiental e economia ao produtor. Assim, a uva ainda tem excelente potencial enológico e é adaptada às condições do clima subtropical úmido da Serra Gaúcha.
A BRS Bibiana é uma uva branca, resistente às podridões de cacho, especialmente pelo fato de que os cachos são soltos e não compactos. O vinho elaborado apresenta perfil sensorial similar às uvas europeias com nível de açúcar, na maturação, em torno de 21 graus Brix e acidez variando de 100 a 120 miliequivalentes (mEq) por litro.
“Ao degustar o vinho elaborado com a BRS Bibiana, o perfil sensorial remete sutilmente ao Sauvignon Blanc, uva muito utilizada em diversos países do mundo, mas pouco adaptada à Serra Gaúcha, em função das condições climáticas”, explica o pesquisador Mauro Zanus, da Embrapa Uva e Vinho.
O evento mostrou também que as novas opções de uvas brasileiras prometem um sabor mais nacional, refrescante e sobretudo mais barato. Condições ideais para o desenvolvimento do consumo do vinho no Brasil. Em resumo, é o que pensa o enólogo Roberto Cainelli Júnior. “O consumidor de hoje busca novas propostas e vinhos diferenciados.
“Nada melhor do que elaborar um vinho brasileiro com uma cultivar nacional, como a BRS Bibiana”, destacou.