A sucessão familiar é ponto central das preocupações de gestores cooperativistas. Sobretudo dentro das propriedades rurais e da própria cooperativa. Assim, organizações como a Coamo e a Frísia mantém investimentos na formação de jovens líderes cooperativistas. Este ano, a 28ª turma do Programa de Jovens Líderes Cooperativistas da Coamo começou as atividades na manhã do dia 17 de abril. A ação conta com a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O programa já formou centenas de cooperados desde 1998. Hoje conta com a participação de 39 associados do Paraná e de Santa Catarina. Com uma carga horária total de 144 horas, o curso é composto por módulos presenciais e online. O teste final é a apresentação de um projeto integrador que apresentará possibilidades de soluções ou melhorias para as propriedades dos participantes ou para a própria cooperativa.
Segundo o Presidente Executivo da Coamo, Airton Galinari, o programa representa uma visão de longo prazo do Presidente do Conselho de Administração da Coamo, José Aroldo Gallassini, sobre a sucessão dentro da propriedade rural e da cooperativa. “O nosso objetivo é formar líderes comunitários que irão participar dos comitês educativos e da alta gestão da cooperativa, a exemplo do que acontece hoje, onde membros dos Conselhos Fiscal e Administrativo foram formados pelo Programa Jovens Líderes”, destaca Galinari.
Garantir a sucessão familiar
A partir do Programa de Jovens Líderes Cooperativistas, derivaram outros programas que contemplam o quadro social, como o Coamo Kids e o FuturoCoop, que também trabalham a continuidade e sucessão da família cooperativista. Para o professor da UFPR e coordenador da formação, Tomas Sparano Martins, o programa é um dos melhores dentro do tema da sucessão familiar. “Durante o curso, os jovens são capacitados para que possam melhorar as práticas dos seus negócios, a sua atuação como líderes cooperativistas e compartilhar conhecimentos e experiências”, detalha o professor.
Exemplos de jovens diretores de cooperativas são Lais de Fátima Maciel Ribas, de Guarapuava (Centro do Paraná), e Leonardo Rissi, de Xanxerê (Oeste de Santa Catarina). Eles veem no curso uma oportunidade de aprendizado e aprimoramento das suas atividades. “Na nossa propriedade já está acontecendo a sucessão. Primeiro foi do meu avô com meu pai e agora eu e minha irmã estamos assumindo a gestão das atividades, tanto na parte administrativa quanto operacional”, salienta Lais.
Com iniciativas como o Programa de Jovens Líderes Cooperativistas, a Coamo demonstra a importância de investir na formação de novas lideranças para garantir a continuidade e o fortalecimento do cooperativismo no agronegócio brasileiro.
Perenidade dos negócios
A preocupação com a continuidade dos negócios começa a fazer parte dos administradores de cooperativas. Outra coop que segue a tendência é a Frisia. Prestes a comemorar o centenário de existência, ela mantém um programa que envolve 27 famílias. Desse modo, adotou um cronograma de ações com data para terminar em junho de 2024.
“Temos que ter a responsabilidade como cooperado de que a gente é finito, e a sucessão irá acontecer de uma forma ou de outra. Esse é o nosso papel, estamos com nossos filhos e netos em idade de poder assumir responsabilidades dentro dos negócios da cooperativa e das propriedades. Estamos estimulando o jovem a entender a dinâmica da propriedade e da cooperativa”, afirmou o presidente da Frísia, Renato Greidanus.
Em resumo, o objetivo maior dos programas adotados pretendem evitar conflitos na hora da sucessão. Por exemplo, na Frísia, a preparação envolve filhos e netos ao longo do tempo. Portanto, estão aptos para assumirem a direção. E mesmo aqueles que não trabalham no dia a dia da propriedade podem participar de um conselho da família para as tomadas de decisão.