O biogás ganha relevância no país, principalmente no setor agropecuário. Cooperativistas encontram apoio no crédito para suas fazendas enquanto que o secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Rodrigo Rollemberg, destaca a estratégia de descarbonização para impulsionar o combustível.
Por exemplo, Pedro Kohler, proprietário de uma usina de biogás em Marechal Cândido Rondon (PR) que transforma resíduos orgânicos em energia renovável, construiu o seu negócio graças ao financiamento da cooperativa de crédito. “O apoio da Cresol foi crucial para o desenvolvimento da minha usina de biogás. Eles não apenas forneceram o financiamento, mas também acreditaram na nossa visão de sustentabilidade”, destaca o cooperado.
Pacto dos Três Poderes
Em um raro momento de paz, Executivo, Congresso e STF firmaram o Pacto pela Transformação Ecológica. A assinatura do Plano Nacional de Transição Energética promete trazer novas oportunidades sobretudo na agropecuária e na gestão de resíduos sólidos.
Porém, na base da pirâmide há muitas reclamações. O presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), Yuri Schmitke, criticou o atraso no fim dos lixões e pediu mais investimento no aproveitamento do metano como energia.
“O metano é um gás de baixa persistência: se eu cortar o metano hoje, ele sai da atmosfera daqui a 5 a 10 anos. O CO₂, não: se eu cortar hoje, ele demora décadas. E nós estamos falando de uma questão urgente. As emissões evitadas por meio do biogás e do biometano são 11 a 15 vezes maiores do que as outras energias renováveis. Por que essa renovável [biometano] não tem um destaque maior no plano de descarbonização?”
Os especialistas explicam que o biogás é “mistura de gases produzida pela decomposição biológica de recursos orgânicos”. Enquanto o biometano é “gás natural renovável derivado da purificação do biogás”.
Para o governo, os dois combustíveis são estratégicos no atual processo de transição energética do país, podendo substituir o poluente diesel, por exemplo.
Defesa do Biogás
De acordo com a Associação Brasileira de Biogás (Abiogas), os projetos são relevantes. A entidade defende a aprovação de projetos de lei como o que incentiva as propostas de combustíveis do futuro (PL 528/20), do Programa Nacional da Recuperação Energética de Resíduos (PL 1202/23) e da regulamentação do mercado de carbono (PL 2145/15, aprovado na Câmara ano passado, que no Senado recebeu o número 182/24).
Segundo a Abiogas, o Brasil tem hoje 1365 plantas de biogás com capacidade de gerar 11,2 milhões de metros cúbicos por dia e 31 plantas de biometano com capacidade diária de 1,6 milhão de m³. Tudo ainda bem abaixo do potencial do país, que é de 120 milhões de m³/dia.
O superintendente da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), André Galvão, fez um apelo: “Enxerguem o setor de resíduos como uma grande oportunidade de baixo custo para descarbonizar a economia.”
Com informações da Agência Câmara.