O cooperativismo habitacional emerge como uma resposta crucial às crescentes demandas por moradia digna no campo brasileiro. Com o recente Projeto de Lei 3092/2024, proposto pelo Senador Mecias de Jesus, que aguarda a designação de relator, o setor ganha novo fôlego e perspectivas promissoras.
Isso porque a proposta altera significativamente o Programa Minha Casa, Minha Vida Rural. Essas mudanças visam aprimorar o acesso à habitação nas áreas rurais, priorizando agricultores familiares e entidades sem fins lucrativos, como as cooperativas habitacionais.
Entre as principais inovações do projeto, destaca-se a criação do Fundo de Desenvolvimento Social Rural (FDSR). Este fundo ampliará as opções de financiamento para habitação rural, beneficiando diretamente as cooperativas habitacionais.
O texto também estabelece prioridade para agricultores familiares e beneficiários da Lei 11.326/2006. Além disso, propõe um fator redutor de 60% na renda para enquadramento nas faixas rurais do programa.
Momento do cooperativismo habitacional
Essas medidas chegam em um momento crítico. Segundo o Censo 2022 do IBGE, mais de 25 milhões de brasileiros vivem em zonas rurais. O déficit habitacional nessas áreas é estimado em 1,2 milhão de unidades.
Com o intuito de atender à demanda, o cooperativismo habitacional se apresenta como uma alternativa viável neste cenário desafiador. Dados recentes do IBGE revelam que o custo da construção civil continua em alta:
1. O Índice Nacional da Construção Civil (SINAPI) variou 0,35% em setembro de 2024.
2. O custo nacional da construção por metro quadrado atingiu R$ 1.773,20.
3. A região Nordeste registrou a maior variação mensal (0,49%).
4. O Ceará liderou a alta nos custos dos materiais, com 0,73%.
Diante desses números, o modelo cooperativo ganha ainda mais relevância. As cooperativas habitacionais podem, por exemplo, negociar melhores preços de materiais e serviços, reduzindo custos para os associados.
Além disso, o PL 3092/2024 também estimula a autonomia energética e o acesso à água nos empreendimentos rurais. Essas medidas alinham-se com os princípios de sustentabilidade e autossuficiência do cooperativismo.
Vantagens do cooperativismo
O projeto nasceu das demandas apresentadas no Grito da Terra Brasil 2024, principal mobilização da população rural brasileira. Isso demonstra a sintonia entre o cooperativismo habitacional e as reais necessidades do campo.
As cooperativas habitacionais oferecem vantagens únicas:
1. Redução de custos através de compras coletivas.
2. Maior poder de negociação com fornecedores e construtoras.
3. Gestão participativa, que garante transparência e eficiência.
4. Possibilidade de customização das unidades habitacionais.
Desse modo, com o possível avanço do Projeto de lei, o cooperativismo habitacional pode se tornar um pilar fundamental na solução do déficit de moradias rurais. O modelo cooperativo não apenas fornece casas, mas constroi comunidades sustentáveis e resilientes.
Em conclusão, o cooperativismo habitacional se apresenta como uma resposta inovadora e eficaz aos desafios da moradia rural. Com o apoio de políticas públicas adequadas, como as propostas pelo PL 3092/2024, esse modelo tem o potencial de transformar significativamente a realidade habitacional do campo brasileiro.