O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, destacou o potencial transformador do cooperativismo durante seminário realizado nesta quinta-feira (10) sobre o impacto do setor no desenvolvimento brasileiro. Em entrevista coletiva, Mercadante ressaltou que o sistema cooperativista já reúne mais de 23 milhões de brasileiros e movimenta cerca de R$ 670 bilhões por ano.
Durante o evento, o BNDES e a OCB firmaram um novo acordo de cooperação com validade de cinco anos. Assim, a parceria tem como objetivo ampliar o acesso das cooperativas brasileiras às linhas de financiamento e às soluções digitais do banco, bem como fomentar iniciativas que promovam inovação, sustentabilidade e inclusão socioeconômica.
“Tenho um entusiasmo muito próprio com o universo do cooperativismo. É um sistema que promove inclusão produtiva, onde pequenos produtores se viabilizam através de boas práticas, escala e governança democrática”, afirmou o presidente do BNDES.
Parceria histórica e perspectivas de Mercadante
O banco mantém uma relação de 25 anos com o setor cooperativista, desde o primeiro financiamento a uma cooperativa agrícola. Por exemplo, em 2024, as operações com cooperativas representaram 73% dos desembolsos do banco, totalizando mais de R$ 37 bilhões. Atualmente, o sistema cooperativo projeta alcançar R$ 1 trilhão em faturamento nos próximos anos.
Mercadante destacou a verticalização das cooperativas mais estruturadas: “Estamos financiando usinas de etanol de milho, frigoríficos e produção de bioinsumos. O setor precisa de muito crédito e consideramos esse um caminho muito promissor.”
Uma das prioridades do BNDES é estimular o cooperativismo nas regiões Norte e Nordeste. “As cooperativas são muito fortes no Sul e Sudeste, em função da colonização europeia e asiática, e agora estão avançando no Centro-Oeste. Nosso próximo capítulo é dar muito impulso ao cooperativismo no Norte e Nordeste”, explicou.
Cenário econômico e oportunidades
Questionado sobre o cenário econômico global, Mercadante apontou que, apesar das tensões comerciais internacionais, o Brasil está bem posicionado. “O Brasil, por ser uma região de paz e manter relações diplomáticas amplas, pode atrair investimentos. Há uma grande demanda por segurança alimentar no mundo, e o Brasil é uma solução para esse problema”, destacou.
Transição energética e bioeconomia
Além disso, o presidente do BNDES também abordou o papel das cooperativas na transição energética e bioeconomia. “As cooperativas são parceiros estratégicos, investindo em usinas e bioenergia. O BNDES é o banco que mais financiou energia limpa e renovável na história”, ressaltou. Um exemplo citado foi o recente edital de R$ 6 bilhões para combustível sustentável de aviação (SAF) e combustíveis marítimos, que recebeu demanda de R$ 167 bilhões.
Por fim, o presidente ressaltou que o sistema cooperativo representa um modelo de organização produtiva que combina solidariedade, eficiência e resiliência, tendo se fortalecido mesmo em cenários adversos.

































