Dada a crise da COVID-19, declarada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde em março deste ano, atingiu toda a sociedade e trouxe a necessidade de mudanças de hábitos no mundo todo. As cooperativas educacionais que prestam serviço de ensino foram umas das primeiras a serem atingidas, tendo em vista o Decreto Nº 4597-R, de 16 de março de 2020, que prevê orientações para o enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do coronavírus.
Neste Decreto, o Governo do Espírito Santo orientou a suspensão das atividades escolares por 15 dias, a contar da última segunda-feira (23), cabendo às unidades da rede pública ou privada adotar a antecipação do recesso escolar ou férias previstas para o ano de 2020, ou ainda, a suspensão das aulas por tempo indeterminado.
As cooperativas educacionais, face a necessidade de cumprir com o decreto, suspenderam as aulas presenciais, mas se mantiveram atentas e preocupadas na qualidade do serviço prestado a seus cooperados. Assim, visando a manutenção do processo educativo de seus alunos, se reorganizaram desde o início, buscando se reinventar. O corpo técnico preparou e enviou atividades e materiais para que não houvesse perdas maiores na aprendizagem, permanecendo na expectativa de estarem respaldadas para que não fosse necessária a antecipação do recesso escolar e permaneceram firmes nas atividades.
Em edição extra do Diário Oficial, publicada no último sábado (21), o Governador Renato Casagrande autorizou as instituições a atuarem com aulas não presenciais por um período de 30 dias letivos, respeitando o calendário de 2020. O Decreto 4606-R, de 21 de março de 2020 autoriza, mesmo em período de quarentena e distanciamento social, as atividades escolares serem efetivadas no formato EAD (Educação a Distância).
Atentas às decisões do Governo capixaba e do Governo Federal, as cooperativas educacionais, de maneira cooperativa e unida, mesmo à distância, somaram esforços com seus colaboradores, redobrando as ações para que o processo de ensino e aprendizagem não fosse interrompido, mesmo no regime de distanciamento social preventivo. Para isso, mantiveram as atividades de ensino com uso de meios de comunicação e tecnologia existentes, bem como foram iniciadas avaliações e testes com o uso de plataformas de ensino à distância, ferramentas digitais disponíveis, pagas ou gratuitas, para prosseguimento do ano escolar.
Com o início da subida da curva epidemiológica no Brasil e no Espírito Santo, já havia uma espera acerca de mudanças no sistema de ensino durante um eminente período de distanciamento social. É o que destaca a diretora pedagógica da Coopem, Cooperativa Educacional de Muqui, Michelli Silva Vianna Schiavo, que buscou diálogo com os docentes da cooperativa para alinhar a adoção de um modelo alternativo de ensino.
“Estávamos prevendo a possibilidade de interrompermos as atividades desde a segunda passada (16) e começamos a trabalhar com os professores a possibilidade de usar o ensino à distância. Traçamos metas para montarmos uma estrutura junto com o portal no qual estão os materiais que eles usam”, disse Michelli.
Segundo a diretora, os professores e equipe pedagógica estão atuando em regime de Teletrabalho, redobrando a dedicação, com adaptação do conteúdo ao formato digital para que os alunos não percam o ritmo escolar. A cooperativa também busca incentivar a participação e apoio dos pais durante este período, sem que não haja descontinuidade do papel do professor e da escola.
“Com a publicação do Decreto, já estávamos preparados para adaptar o material, adaptar as crianças para este modelo de ensino. Toda a equipe está trabalhando em teletrabalho, enviando o conteúdo e as atividades, que são de fixação. Estamos incentivando os pais a ajudarem nessa nova etapa”, destaca. Além disso, a diretora da Coopem reforçou o apoio recebido das outras cooperativas educacionais e do Sistema OCB/ES.
Para atuar em consonância e tranquilidade em meio à crise, a Coopepi, Cooperativa Educacional de Pinheiros também tem adaptado seu modus operandi para que professores e alunos possam trabalhar com facilidade na organização das aulas e atividades diárias. O meio adotado, de acordo com a diretora pedagógica da cooperativa, Patrícia Neta Sampaio Griffo, é a dinâmica online com o uso de uma plataforma EAD.
“O meio que encontramos para a organização das atividades com os professores foi o envio, ao final de cada tarde, do cronograma do dia seguinte, apontando quais ferramentas serão utilizadas, se será o livro, YouTube, vídeos ou áudios. E cada professor estará disponível, de casa, em seu turno de trabalho, no horário da aula, para tirar dúvidas dos alunos. Daremos todo suporte aos professores para que as ferramentas sejam utilizadas da melhor forma possível. Iremos usar grupos de Whatsapp e nossa plataforma EAD Escola Web, da rede Pitágoras”, afirmou Patrícia.
Na mesma linha, a Coopesma, Cooperativa Educacional de São Mateus, além de adotar plataformas de EAD para contato com os alunos e com os pais, reforçando as atividades diárias para os alunos, prevê como próximo passo a adoção de um esquema de Plantão de Dúvidas, para que durante o período de distanciamento social, os estudantes possam entrar em contato com seus professores para esclarecimento de dúvidas e continuidade do processo ensino aprendizagem. Foi o que informou a diretora pedagógica da Coopesma, Zenilza Pauli.
“Nesta segunda (23), o sistema começou a disponibilizar aulas virtuais todos os dias, no turno da manhã para as turmas do sexto ao nono ano, e no período da tarde para o Ensino Médio, seguindo um roteiro de estudos. E para os próximos dias, estamos estudando a implementação de um plantão para que os alunos dialoguem com professores e tirem dúvidas”, contou Zenilza.
Com estudantes de Ensino Fundamental e Ensino Médio, a Coopeducar, Cooperativa Regional de Educação e Cultura de Venda Nova do Imigrante, também buscou formas de atender alunos, pais e professores, definindo plataformas e meios de comunicação. Segundo o diretor da cooperativa Adelso Viçosi, foram analisadas plataformas de parceiros e aquelas de mais fácil acesso.
“Na Coopeducar, a equipe gestora se reuniu na segunda-feira (23) para verificar o cenário e encontrar alternativas para o enfrentamento da realidade que nos tomou. A partir da análise, a escola optou por fazer uso da ferramenta Google Sala de Aula para o trabalho dos professores desde o 1º ano do Ensino Fundamental até o Ensino Médio”, disse Viçosi.
Por lidar também com crianças menores, em idade de alfabetização, a cooperativa vai manter contato com os pais. “Essa é uma proposta para que o professor possa fazer a orientação aos pais em como trabalhar com a criança nesse período, sem perder a dinâmica de aprendizagem”, informa o diretor da Coopeducar.
Assim como as demais cooperativas educacionais, a CEL, Cooperativa Educacional de Linhares recebeu como um desafio garantir a continuidade do processo de ensino e aprendizagem, seguindo os planos de ensino traçados desde o início do ano letivo. Para a diretora pedagógica da CEL, Queila Gomes Zorzanelli, a principal proposta da cooperativa está nas atividades de estudo autodirigidos para os alunos como garantia de um horário semanal de estudo e com estudo diário.
“Nossos professores estão enviando vídeos para os alunos assistirem, orientando para que eles não se afastem do processo de ensino e aprendizagem. Nesses vídeos, eles procuram dar incentivo aos alunos para cumprirem as tarefas e não se afastarem daquilo que foi proposto para este ano de 2020”, explica Queila.
No que se refere ao Ensino à Distância, a cooperativa possui uma parceria para acesso a uma plataforma onde estão disponíveis materiais de estudo tanto para os alunos como para os pais, para que esses possam apoiar os filhos durante o período de distanciamento social.
“Nós temos uma parceria com o sistema de ensino Bernoulli com uma plataforma onde temos videoaulas, trilhas de aprendizagem, além de simulados virtuais de atividades para pais e responsáveis desenvolverem com as crianças durante esse período de recolhimento”, destacou a diretora.
A adoção do Ensino à Distância pela cooperativa Cooperação, Cooperativa Educacional Centro-Serrana, já era estudada para ter início já em 2020. Entretanto, os decretos estaduais anteciparam a estratégia. Segundo a diretora pedagógica e conselheira de Administração do Sistema OCB/ES Amanda Schulz Wruck, é necessário estar preparado para a possibilidade de mudanças de práticas para superar situações adversas.
“A todo tempo estamos nos reinventando. Reinventando as nossas práticas, a nossa maneira de lidar com situações como essa, que é nova não só para nós, mas para o mundo. Sabemos que não é um problema local e que a gente precisa ter flexibilidade”, explica a diretora. Ela ainda destaca que é importante se antecipar às situações, mas com atenção para as orientações que mudam constantemente.
“Estamos vivendo um dia de cada vez. Conforme o momento, a orientação muda e a gente precisa ser rápido porque precisamos atender os pais e os alunos de maneira responsável, corresponder às expectativas. Nós, como equipe gestora, temos que estar à postos para mediar todas as situações”, ponderou.
Na última terça-feira (17), os estudantes da Cooperação foram dispensados e a orientação que se manteve foi para que os professores continuassem na escola, apenas naquele dia, para reorganizar o planejamento trimestral visando a adoção do ensino à distância. E para continuar a dinâmica de ensino, a Cooperação passou a usar efetivamente uma plataforma EAD, com portal e aplicativo. “Desde quarta-feira (18), nossos alunos estão recebendo o material de estudo pelo portal. E por meio de um aplicativo, os professores encaminham e recebem as tarefas, assim como os alunos. Já os pais, têm o controle das atividades e podem acompanhar o desenvolvimento dos filhos”, disse.
Para a diretora da Coopesg, Cooperativa Educacional de São Gabriel da Palha, Ana Caroline Torres, este é um momento atípico e que requer de todas as cooperativas educacionais o espírito cooperativista ainda mais ativo, tanto na organização das aulas quanto para trabalhar em grupo. É um desafio para os gestores, equipe técnica e professores, que sairão fortalecidos ao atuar com cooperação.
Definindo as atividades dos estudantes, assim como as demais cooperativas, a Coopesg passou a adotar aulas virtuais em uma plataforma de Educação à Distância. “Os professores estão preparando aulas virtuais e os alunos estão acessando essas plataformas. Está sendo desafiador. Mas temos que ter equilíbrio, serenidade para conseguir preparar todo o material e continuar priorizando a qualidade de ensino”, pondera a diretora Ana Caroline.
O cooperativismo educacional sairá ainda mais fortalecido após o enfrentamento deste momento de crise. Isso porque a união entre os colaboradores, a rápida reação e adaptação das formas de atuar com o ensino, além da troca de experiências entre as cooperativas com ajuda mútua auxiliaram para que todas pudessem atuar de maneira eficiente e com a qualidade que seus alunos, pais e comunidade escolar como um todo merecem. Importante também destacar a parceria com as famílias que neste momento são ainda mais fundamentais para a parceria escola – casa.
Fonte: Sistema OCB/ES