Os javalis estão livre dos caçadores, bem como livres para prejudicar a agricultura do Sul do país. Em 22 de agosto de 2023, o IBAMA proibiu a caça do javali. Com isso, adicionou uma camada de complexidade à já seriamente ameaça que esses animais representam para os agricultores do Sul do Brasil. A Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul fez audiência pública com o tema “Prevenção, Controle e Monitoramento de Javalis (Sus scrofa) no Rio Grande do Sul”, realizada na sexta-feira ( 6) na Câmara de Vereadores de Vacaria.
Esta audiência tornou evidente a urgência de lidar com o crescente problema causado pelos javalis, que estão devastando as propriedades dos produtores rurais do RS. Agora, protegidos pela proibição de caça, continuam a representar uma ameaça séria. Esses animais invasores atacam indiscriminadamente, prejudicando não apenas as plantações, mas também a fauna local. Filhotes de ovelhas, novilhos, capivaras e diversas outras espécies da biodiversidade gaúcha estão entre suas vítimas. Os prejuízos que os javalis causam vão além da perda de culturas, afetando diretamente os meios de subsistência das famílias de pequenos agricultores e cooperativistas.
Frente de Combate
Na audiência pública realizada em Vacaria, os participantes debatram estratégias de prevenção, controle e monitoramento desses animais. Entre eles o deputado estadual Paparico Bacchi. ele anunciou as providências a serem tomadas para combater o javali no RS:
“Com base na gravidade das doenças do javali, podendo ser inserida na cadeia produtiva da suinocultura, sugiro que criemos uma lei ou um projeto de engenharia nos municípios do RS, que disponibilize a construção de gaiolas e a aquisição de equipamentos para auxiliar os agricultores e caçadores nas suas propriedades para capturar os javalis. O projeto pode funcionar com aporte das secretarias de Agricultura de cada município, subsidiado pelo Governo estadual. Hoje nós temos duas vias. Uma é o apoio aos CACs, aos clubes de caçadores. Com suporte financeiro e o treinamento para o produtor rural utilizar a gaiola de captura de javali”, relatou o parlamentar.
Santa Catarina abate 50 mil javalis
A Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, em nota técnica, se manifestou contrária à medida doIBAMA. O órgão pendeu novas licenças para o controle de javalis no Brasil. A nota destaca que esses animais são invasores e prejudiciais, tanto à vida selvagem nativa quanto aos seres humanos, ao meio ambiente, à agricultura, ao gado e à saúde pública.
A nota publicada em 24 de agosto destaca que Santa Catarina reconhece a necessidade de controle populacional de javalis . Também indica um plano de manejo para evitar novas introduções e conter a expansão territorial e demográfica da espécie.
O documento lembra que o estado também é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como uma zona livre de Peste Suína Clássic. Também é uma zona livre de Febre Aftosa sem vacinação. A Secretaria enfatiza a importância da coleta contínua e permanente de amostras de javalis para o controle populacional. Desse modo mantém o status sanitário do estado.
A Secretaria também destaca a importância dos agentes de manejo populacional de javalis e ressalta que aproximadamente 50.000 javalis foram abatidos em Santa Catarina nos últimos 12 meses. A suspensão de licenças ativas de caça, iscas ou espera para o manejo da vida selvagem pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é uma preocupação para a Secretaria, mesmo que seja preventiva e temporária.