Produtores gaúchos de soja estão apreensivos. A estiagem que atinge a região Sul do Brasil ameaça a produção. De acordo com números da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL), mais de 50% da área plantada no Estado.
A princípio, os números apontam para um sério agravamento das perdas durante o mês de janeiro. Isto porque a ausência de chuvas, além das ondas de calor intenso, são registradas no estado.
Segundo o novo levantamento, as lavouras de soja já acumulam perdas médias de 48,7%, com algumas regiões registrando perdas superiores a 70%. No início do mês de janeiro, o as perdas médias apuradas pela RTC/CCGL eram de 24%.
O levantamento revelou também que cerca de 6,5% das lavouras ainda não foram estabelecidas. Ou seja, cerca de 3,5% ainda não foram sequer semeadas devida à falta de umidade no solo.
Considerando as projeções de área de cultivo estabelecidas pela CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) para a safra 2021/2022 no RS, estima-se que cerca de 220 mil hectares ainda não foram semeados e que cerca de 410 mil hectares ainda não estão com a cultura estabelecida.
Menos grão de soja
Segundo o gerente de pesquisa da CCGL, Geomar Corassa, “a produtividade média atual projetada na área de atuação das cooperativas em virtude da estiagem está na casa dos 31 sacos/ha.
Isso indica que teremos menos grão de soja disponível A projeção inicial era colher uma média de 60,2 sacos/ha”. Os números apontados pela RTC/CGGL revelam que a safra de soja gaúcha já pode acumular uma quebra de 10,5 milhões de toneladas. A sequência de dias com altas temperaturas e sem chuva podem conduzir a prejuízos ainda maiores.
Prejuízos vão além da soja
De acordo com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, não só os produtores de soja amargam prejuízos com a estiagem na região. O órgão registra que 300 municípios do Estado foram afetados pela estiagem. São 60% dos municípios gaúchos sem chuvas. O prejuízo alcança R$ 36 bi.
Conforme dados da Emater/RS, em decorrência da estiagem no Rio Grande do Sul, os produtores tiveram dificuldade em realizar a semeadura da soja, já que, no fim do ano passado, o plantio alcançou 93% da área.
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, visitou as áreas atingidas pela estiagem.
“Viemos ver de perto, conversar com os produtores e lideranças dos estados para realizar o levantamento in loco e levar para Brasília as informações necessárias que nos ajudarão a definir ações de curto, médio e longo prazo. É preciso pensarmos também na safra de inverno, saber sua viabilidade e avaliar a possibilidade de outras culturas mais seguras como alternativa”, declarou Tereza Cristina.
Ajuda internacional
Na segunda-feira (10/1), a Defesa Civil do Rio Grande do Sul participou de uma reunião online com representantes do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre, sobre as ações desenvolvidas e demandas relacionadas à estiagem no Estado.
Na ocasião, o Coordenador Estadual de Proteção e Defesa Civil do RS, coronel Júlio César Rocha Lopes, juntamente com o subchefe, coronel Marcus Vinícius Gonçalves Oliveira, esclareceu dúvidas e destacou a estrutura da Defesa Civil no Estado. Além das principais iniciativas de prevenção, mitigação e resposta aos eventos adversos. A meteorologista da Sala de Situação, Cátia Valente, também apresentou um prognóstico do clima no Sul do Brasil para os próximos meses.
Ajuda humanitária
A Cônsul para Assuntos Políticos e Econômicos dos Estados Unidos, Alexandra Stein, ressaltou que os EUA possui projetos de ajuda humanitária para auxiliar cidades e estados em situação de emergência como, por exemplo, em decorrência da estiagem. Também destacou o interesse do país em auxiliar o Estado com especialistas em diversas áreas através de intercâmbios para mitigação dos eventos adversos.