O Home Office, tanto na cidade quanto no campo, pode não ser tão saudável e lucrativo quanto se imagina. Pesquisa publicada em maio de 2022 pela revista Acertte dá conta de que o trabalho em casa pode ser desejado por muitos, mas traz como consequência alguns problemas emocionais. Já outra pesquisa, da Universidade Federal da Bahia, revela que essa forma de trabalho deu prejuízo a produtores rurais.
De acordo com os dois estudos, o trabalho remoto foi bom para uns e ruins para outros. Mas essa forma de trabalho já existia antes da pandemia. Entretanto, a medida sanitária que isolou as pessoas forçou as empresas repentinamente, e sem preparo algum.
Problemas emocionais
A pesquisa das autoras Yasmin Christien Soares Ribeiro da Silva, Angela Sales Brasil Paula de Araujo, Hellen Duarte Amorim, Margibel Adriana de Oliveira revela isso. Elas ouviram 120 pessoas. Dessas, 55% reclamaram de depressão, de ansiedade e de pânico por estarem isoladas em casa.
Além disso, por trabalhar em casa, 51,7% deles se sentiram isolados de sua equipe.
O artigo “Um Estudo Sobre Saúde Psicológica e Home-Office No Cenário Pandêmico Da Covid-19” usou resultados de pesquisas em campo, bem como de investigações bibliográficas sobre o tema Saúde Emocional. Os pesquisados trabalharam online em 2020 e responderam um formulário do Google. Os dados foram coletados entre junho e agosto de 2021.
Efeitos colaterais
As cientistas descobriram muitos profissionais em home office com sintomas de desequilíbrio emocional. De acordo com o relatório, a situação pode levar a resultados negativos no trabalho.
Ainda segundo as autoras, a falta de adaptação ao home office provocou esses distúrbios. Assim, muitos vivenciaram desde o medo até a violência doméstica. Inclusive insônia, agressividade, raiva, angústia e até suicídio.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os setores mais vulneráveis à covid empregam 1,25 bilhão de pessoas. O número equivale a 38% da força de trabalho do planeta. Entre eles, os do comércio, dos serviços em geral, os cooperados ou não, que de repente se viram sem atividade, ou tendo que trabalhar de modo remoto.
Efeitos do home office na saúde física
Além dos problemas emocionais, esse trabalhador também desenvolveu problemas físicos como disfunções cardíacas e males da coluna. Tudo por conta da postura ruim diante do PC.
Em contrapartida, a OMS recomenda que cada pessoa faça pelo menos 30 minutos de atividades físicas diárias.
Em relação aos problemas de coluna, a Faculdade Mackenzie, do Paraná, realiza estudo sobre os esses impactos A pesquisa ainda não é oficial. Porém, 98 pessoas relataram que as dores na coluna pioraram por conta do trabalho no escritório caseiro.
As coops do agro e o home office
Alguns dizem que as coops do agro não pararam durante a pandemia. Porém, elas também sofreram, de alguma forma, os efeitos das medidas contra a covid-19.
O estudo “Pandemia da covid-19 nas cooperativas agropecuárias”, de Gisele da Silva Leonardo, da UFB, conclui que sim, a covid-19 afetou o trabalho das coops do agro. A pesquisa envolveu quatro filiadas à OCEB.
Das quatro, as que estavam mais próximas de Salvador tiveram maior impacto do que as do interior. Uma delas não relatou prejuízos na produção. Porém, reclamou da adoção dos critérios de prevenção da OMS.
Em síntese, o estudo revela que as coops perderam clientes pelo fechamento de unidades de venda de distribuição durante o tempo da pandemia.
Internet
Assim, para se adaptarem, as coops do agro também se utilizaram da internet. Dessa forma, elas aumentaram o uso de apps. O objetivo era a venda online de produtos.
A coop localizada a maior distância de Salvador foi a Formosa, do município do Rio Preto. Trata-se de uma produtora de arroz. Essa coop não parou de funcionar em virtude da pandemia, já que a sua região sofreu pouco impacto da covid-19.
Ao contrário, a Coop Agroindustrial de Itaberaba, localizada a 235 km de Salvador, sofreu com a pandemia. Os funcionários foram obrigados a trabalhar em home office. De acordo com a pesquisa, hoje a coop tenta resgatar os parceiros comerciais perdidos durante o período.
Localizada a 290 km da capital baiana, a Cooperativa Agrícola de Gandu compra e vende amêndoas. E, igualmente, sofreu um impacto significativo provocado pela pandemia. Isto porque o Estado determinou uma barreira fitossanitária. Assim, o governo restringiu a circulação de produtos agrícolas para dentro dos limites da região.
A coop perdeu contratos de exportação. Para se ter uma ideia, a direção foi obrigada a traçar um plano diferente de ação. O produtor chegava até a beira da cidade, deixava o cacau enquanto alguém da coop seguia de carro até a borda da barreira, pegava o cacau e trazia para coop. Momentos difíceis que duraram cerca de quatro meses durante a pandemia.
Já coop dos produtores de leite de Jequié continuou a distribuir o produto para mercados e escolas. Isso graças ao acordo fechado com o Governo da Bahia A coop não relatou perdas e nem mudança na sua rotina de trabalho.
Em conclusão, os dois estudos alertam tanto para a necessidade de atenção a ser dada ao trabalhador virtual quanto a adaptação econômica dos negócios.