O anúncio do “tarifaço” de Donald Trump gerou reações mistas no Brasil, com impactos significativos para diversos setores da economia, especialmente as cooperativas de café e carne. Apesar da elevação das tarifas para 50% sobre produtos brasileiros, o governo americano incluiu uma lista de quase 700 itens que escapam da medida, trazendo certo alívio ao mercado nacional.
Entre os produtos que não serão afetados estão suco de laranja, combustíveis, fertilizantes, certos metais e aeronaves — uma notícia especialmente positiva para a Embraer, que viu suas ações subirem quase 11% após o anúncio. Segundo a Câmara de Comércio para o Brasil, cerca de US$ 18,4 bilhões em exportações brasileiras, o equivalente a 43,4% do total vendido aos EUA em 2024, ficarão fora das tarifas. Esses números, aliados às exceções, devem reduzir o impacto médio da tarifa de 36,8% para 30,8%, segundo análises do Goldman Sachs.
No entanto, itens cruciais da pauta de exportação brasileira, como café, cacau, carne e frutas, não tiveram a mesma sorte. As cooperativas de café, em particular, enfrentam desafios severos. Com as tarifas elevadas, as exportações do setor podem cair entre 20% e 35%, resultando em perdas anuais de mais de US$ 2 bilhões. Esse impacto é especialmente crítico para pequenas e médias cooperativas, que dependem fortemente do mercado americano para sua sustentabilidade financeira. Além disso, a volatilidade dos preços internos e a necessidade de adaptação a novos mercados aumentam a pressão sobre os produtores.
De fora do tarifaço
A carne brasileira também sofre com o tarifaço, mas o governo brasileiro busca alternativas para mitigar os prejuízos. O vice-presidente Geraldo Alckmin foi elogiado por aliados pelo papel nas negociações. Já o presidente Lula destacou a importância de manter o diálogo aberto com os Estados Unidos. Apesar da comemoração pelo recuo parcial de Trump, opositores afirmam que a estratégia do presidente americano é uma prática comum para alcançar seus objetivos.
Com a previsão de entrada em vigor no próximo dia 6, o Brasil ainda tem uma semana para negociar novas condições e ampliar as exceções. Enquanto isso, cooperativas e produtores buscam soluções para superar os desafios impostos pelas tarifas, explorando novos mercados e investindo em práticas sustentáveis.
Embora o tarifaço traga perdas significativas para setores como café e carne, a exclusão de uma lista ampla de produtos representa uma vitória parcial para o Brasil. Isto porque o país e conseguiu preservar outros produtos. O cenário exige respostas coordenadas entre governo, cooperativas e produtores. E com foco em fortalecer a competitividade do país no mercado global e minimizar os impactos das tarifas.




























