Goiânia — Goiás ampliou seu protagonismo no agro brasileiro. Dados da plataforma SITE-MLog, da Embrapa Territorial, indicam que a microrregião do Sudoeste de Goiás passou a integrar, em 2023, o grupo das áreas que, somadas, respondem por 25% da produção nacional (G25) de cana-de-açúcar. No milho, a mesma microrregião figura entre os quatro maiores polos do País na fatia que concentra um quarto da colheita. Na soja, o Sudoeste de Goiás segue entre as regiões de maior relevância, consolidando o estado como referência nas principais cadeias do agronegócio.
Cana puxa nova fronteira em Goiás
A produção brasileira de cana dobrou entre 2000 e 2023, com expansão para novas áreas, “principalmente Goiás e Mato Grosso do Sul”, aponta a Embrapa Territorial. Esse avanço levou o Sudoeste de Goiás ao G25 em 2023, ao lado de polos paulistas e mineiros. No recorte que cobre metade da produção nacional (G50), Goiás também aparece entre as regiões de maior importância, reforçando oportunidades para o setor sucroenergético em usinas, fornecedores, transporte e bioenergia.
Milho safrinha coloca Sudoeste de Goiás no topo
A concentração do milho aumentou no País. Em 2000, 13 microrregiões de sete estados formavam o G25. Em 2023, apenas quatro microrregiões do Centro-Oeste — Alto Teles Pires (MT), Sinop (MT), Sudoeste de Goiás (GO) e Dourados (MS) — concentraram 25% da safra, que saltou de 8 para 34,9 milhões de toneladas nessa faixa. O movimento está associado ao fortalecimento do milho segunda safra em sistemas com soja. Outro fator foi o ajuste do calendário de cultivo com cultivares mais precoces, destaca a Embrapa.
Soja segue dominante e menos concentrada
A soja cresceu e se espalhou pelo território nacional, reduzindo a concentração. Mesmo assim, regiões historicamente fortes seguem no topo. Por exemplo, em 2000, o G25 reunia Parecis (MT), Alto Teles Pires (MT), Barreiras (BA) e Sudoeste de Goiás (GO). Em 2023, a fatia passou a incluir também Canarana (MT) e Dourados (MS), mantendo o Sudoeste de Goiás entre as áreas de maior destaque. Segundo a Embrapa, a expansão ocorreu sobretudo sobre pastagens degradadas e abriu novas frentes no Matopiba, no norte do Mato Grosso, no Pará e na metade sul do Rio Grande do Sul.
Oportunidades para o cooperativismo do agro goiano
Assim, o avanço de cana, soja e milho em Goiás pressiona a infraestrutura e cria novas demandas de serviços. Para que o produtor amplie a rentabilidade, especialistas recomendam atenção a:
- Armazenagem e logística: mais silos, capacidade de secagem e rotas eficientes até ferrovias e portos, reduzindo custos de frete e perdas pós-colheita.
- Serviços técnicos e fitossanitários: manejo de pragas e doenças, monitoramento climático e planejamento do calendário de plantio, principalmente nos sistemas soja–milho 2ª safra.
- Financiamento e seguros: crédito para expansão de lavouras, readequação de máquinas e mitigação de risco climático.
- Cadeia sucroenergética: onde a cana avança, cresce a necessidade de fornecedores, transporte de insumos e colheita, além de oportunidades em etanol, energia elétrica de biomassa e açúcar.
O que diz a Embrapa Territorial
De acordo com o analista André Farias, da Embrapa Territorial, a concentração do milho está ligada ao fortalecimento do cereal como segunda safra nos sistemas com soja e à exigência de condições climáticas favoráveis, o que favorece polos como o Sudoeste de Goiás. No caso da soja, ele ressalta que a cultura segue como primeira escolha no verão e continua se disseminando, enquanto a cana dobrou o volume nacional desde 2000 com forte expansão para Goiás e Mato Grosso do Sul. O chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, destaca o papel do ajuste fino do calendário com cultivares mais precoces de soja e milho, viabilizando duas safras subsequentes.
Planejamento com dados: SITE-MLog
Os resultados integram o SITE-MLog, plataforma gratuita da Embrapa Territorial que organiza dados oficiais sobre produção, exportação e infraestrutura de dez cadeias do agronegócio. A ferramenta permite:
- Visualizar a concentração espacial da produção (G25 e G50) por microrregião.
- Mapear fluxos de exportação por região e portos utilizados.
- Localizar armazéns, usinas sucroenergéticas e outras unidades de processamento.
- Identificar bacias logísticas para soja e milho, indicando por qual porto cada microrregião exporta.
- Estimar demanda e oferta regionais de nutrientes agrícolas.
Para produtores e gestores públicos de Goiás, o uso do SITE-MLog ajuda a priorizar investimentos em armazenagem, estradas de acesso, conexões ferroviárias e serviços especializados. Em um cenário de expansão de cana, consolidação do milho safrinha e liderança da soja no Sudoeste de Goiás, a tomada de decisão baseada em evidências pode ser o diferencial para ganhar competitividade e reduzir gargalos.

































